Síndrome de Burnout: o que é, sintomas, causas e como evitar

Criado em: 31 de julho de 2023Atualizado em: 31 de julho de 2023Categorias: Recursos humanos9 min de leitura

Se a saúde mental vinha se tornando uma discussão cada vez mais quente nas empresas, depois da pandemia essa pauta atingiu proporções alarmantes. Hoje, o tema ocupa o segundo lugar nas preocupações de saúde do mundo inteiro, ultrapassando até mesmo o câncer. No Brasil, como já era de se esperar, o cenário não é diferente, com três a cada quatro pessoas (75%) afirmando pensar muito ou consideravelmente em seu próprio bem-estar mental, segundo dados da Pesquisa World Mental Health Day, da Ipsos, realizada nos anos 2021 e 2022.

Mas, apesar dessa crescente conscientização, um fato negativo ainda aparece nas notícias dos jornais: 30% dos trabalhadores brasileiros enfrentam diariamente a síndrome do esgotamento profissional, ou Síndrome de Burnout.

Em um mundo que vem se esforçando para valorizar a saúde mental, é justo compreender como essa síndrome está afetando os profissionais, impactando empresas e colaboradores, e o que pode ser feito para prevenir e lidar com a exaustão emocional que ameaça o ambiente de trabalho.

Neste artigo, vamos explorar os desafios que a Síndrome de Burnout apresenta no mundo corporativo pós-pandemia, buscando entender as principais causas por trás desse fenômeno.

Boa leitura!

O que é a Síndrome de Burnout?

A Síndrome de Burnout é um distúrbio psicológico diretamente relacionado ao desgaste e ao estresse no ambiente de trabalho. Ela é formada por três pilares: estado de exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal.

  1. Exaustão emocional: envolve um esgotamento profundo, quando a pessoa começa a se sentir fisicamente e emocionalmente exaurida, como se não tivesse mais energia para lidar com as demandas do trabalho e até mesmo da vida pessoal. A exaustão emocional pode se manifestar através de fadiga constante, irritabilidade, dificuldade para se concentrar e uma sensação de sobrecarga emocional.
  2. Despersonalização: está relacionada à forma como uma pessoa lida com as interações no ambiente de trabalho, ou seja, consiste em uma estratégia de enfretamento com comportamentos negativos, em que os mais comuns são: indiferença, desapego e cinismo.
  3. Baixa realização profissional: ocorre a partir de um sentimento de insegurança, ou seja, quando a pessoa começa a duvidar da sua capacidade, sentindo-se insatisfeita com suas conquistas e realizações no trabalho, o que pode gerar uma falta de motivação e engajamento e levar a sentimentos mais profundos de fracasso e desesperança em relação à carreira e ao futuro profissional.

Quais são os sintomas da Síndrome de Burnout?

O Burnout pode ser facilmente confundido com a depressão, pois ambos compartilham alguns indicativos semelhantes, como:

1. Sintomas físicos
  • Fadiga constante e falta de energia;
  • Distúrbios do sono, como a insônia;
  • Dores de cabeça frequentes;
  • Dores musculares e tensão;
  • Problemas gastrointestinais;
  • Alterações no apetite;
  • Queda do sistema imunológico.
2. Sintomas emocionais:
  • Sentimentos de desesperança e impotência;
  • Ansiedade e preocupação constantes;
  • Sentimento de fracasso e baixa autoestima;
  • Irritabilidade e impaciência frequentes;
  • Dificuldade em se concentrar e tomar decisões;
  • Sensação de estar emocionalmente esgotado;
  • Depressão e tristeza.
3. Sintomas comportamentais
  • Isolamento social e dificuldade em interagir com amigos e familiares;
  • Aumento da irritabilidade e conflitos no ambiente de trabalho;
  • Queda no desempenho no trabalho ou redução do interesse nas atividades profissionais;
  • Afastamento das tarefas que antes eram prazerosas;
  • Uso excessivo de álcool, tabaco ou drogas como forma de enfrentar o estresse.
4. Sintomas cognitivos
  • Dificuldade de concentração e foco;
  • Perda de memória;
  • Pensamentos pessimistas e negativos;
  • Dificuldade em tomar decisões e resolver problemas;
  • Percepção distorcida de si mesmo e do trabalho realizado.

A presença de alguns desses sinais e sintomas não indica necessariamente que a pessoa esteja sofrendo de Burnout, no entanto, se várias dessas características forem observadas e estiverem interferindo significativamente na vida profissional e pessoal, recomenda-se buscar apoio de um médico e/ou psicólogo para um diagnóstico assertivo e tratamento adequado.

Quais são as principais causas por trás da Síndrome de Burnout?

Embora as causas específicas da síndrome possam variar de pessoa para pessoa, há algumas razões amplamente reconhecidas que podem levar ao desenvolvimento dessa condição. Abaixo, listamos algumas dessas possíveis causas:

1. Carga de trabalho excessiva

Quando uma pessoa enfrenta demandas excessivas de tarefas, prazos apertados e pressão constante para produzir resultados, ela pode sentir-se sobrecarregada. A falta de tempo para descanso e recuperação pode afetar sua capacidade de lidar com o estresse de forma saudável.

2. Falta de reconhecimento e recompensas

Quando os esforços não são valorizados e não há o retorno adequado em termos de reconhecimento, promoções ou benefícios, os profissionais podem se sentir desmotivados e subestimados. A ausência de incentivos pode minar a autoestima e a satisfação no trabalho, contribuindo para o surgimento da exaustão emocional e do sentimento de que não vale a pena se empenhar tanto.

3. Ambiente de trabalho tóxico

Estar em um lugar marcado por conflitos interpessoais e comunicação inadequada contribui significativamente para o desenvolvimento progressivo do Burnout. A negatividade e a hostilidade recorrentes podem criar um ambiente estressante e desgastante, afetando a saúde mental dos funcionários. A sensação de não fazer parte de uma equipe e a falta de confiança nas outras pessoas podem aumentar os níveis de estresse e esgotamento.

4. Falta de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional

A dificuldade em equilibrar as demandas do trabalho com as necessidades pessoais e familiares é uma das causas mais comuns do Burnout. Quando os trabalhadores não conseguem fazer essa separação de forma adequada, acabam enfrentando uma sobrecarga emocional.

Jornadas de trabalho longas, inflexíveis e o tempo de locomoção podem ser alguns dos impeditivos para que as pessoas dediquem tempo ao autocuidado, lazer e convívio com a família e amigos, resultando em exaustão física e mental.

Vale lembrar que essas causas muitas vezes não atuam de forma isolada, mas sim interligadas, amplificando os efeitos do estresse crônico e contribuindo para a evolução gradual do Burnout nos indivíduos. Sendo assim, a adoção de medidas preventivas assume um papel fundamental na preservação do bem-estar dos colaboradores. A seguir, serão apresentadas algumas dessas medidas.

Como prevenir e evitar o Burnout?

A prevenção mais eficaz da Síndrome de Burnout requer a adoção de práticas saudáveis, aliada ao uso de estratégias que visem a redução do estresse e da pressão no ambiente de trabalho. Nesse sentido, algumas dessas estratégias incluem:

1. Promoção de uma cultura de apoio e bem-estar

Uma cultura organizacional que prioriza a saúde mental e a qualidade de vida dos colaboradores é fundamental. As empresas devem criar um ambiente com abertura para discussões e feedbacks construtivos, permitindo que os trabalhadores expressem suas preocupações sem medo de retaliações. Além disso, oferecer programas de treinamento em habilidades de enfrentamento ao estresse também é essencial para promover a resiliência emocional.

2. Estabelecimento de limites realistas de trabalho

As empresas devem estabelecer expectativas realistas em relação às tarefas e prazos, evitando sobrecarregar os colaboradores. Além disso, é importante garantir que os funcionários possam gerenciar adequadamente suas responsabilidades, possibilitando que eles tenham mais tempo para descanso e recuperação.

3. Incentivo ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal

Isso pode ser feito através da flexibilidade de horários e modelos de trabalho, permitindo opções de trabalho remoto ou híbrido, quando possível, e encorajando os colaboradores a utilizar seus dias de folga para descanso e lazer.

4. Fornecimento de programas de suporte

Esses programas podem incluir acesso a serviços de apoio psicológico, como a terapia, oferecendo suporte emocional para lidar com desafios no trabalho ou até mesmo na vida pessoal. Além disso, programas de bem-estar que promovam a prática de exercícios físicos, meditação e outros métodos de relaxamento que podem ser incorporados para ajudar os colaboradores a lidar com situações estressantes de forma saudável.

Ao implementar medidas voltadas para o bem-estar dos colaboradores, as empresas demonstram um compromisso essencial com sua equipe, resultando em um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. Além disso, tais ações têm o poder de influenciar positivamente a retenção de talentos e a motivação dos funcionários, beneficiando a organização como um todo.

Contudo, é preocupante observar que a Síndrome de Burnout ainda é amplamente negligenciada nas empresas. De acordo com uma pesquisa realizada pela Mindsight com mais de 2.000 pessoas e a participação de especialistas em recursos humanos, atualmente, cerca de 86% delas não tomam medidas para evitar essa síndrome, o que é alarmante. Os dados também revelam que os gestores desempenham um papel crucial no esgotamento profissional, com 9 em cada 10 brasileiros apontando um modelo de liderança que não se preocupa com a sobrecarga de trabalho como o principal responsável pelo problema. Além disso, 87% dos entrevistados afirmam que já tiveram um líder que gerou desgaste mental ao exigir muitas demandas ao mesmo tempo. Esses resultados enfatizam a urgência de uma visibilidade e atenção maior à questão da Síndrome de Burnout nas organizações.

Em última análise, a Síndrome de Burnout é um desafio real que afeta a saúde e a produtividade de grande parte da população mundial. Por isso, sua abordagem requer uma postura proativa e um esforço conjunto de líderes e colaboradores para promover uma cultura organizacional saudável, onde o bem-estar e o equilíbrio sejam prioridades. É a partir dessa conscientização em massa e da adoção de ações concretas que poderemos enfrentar e superar esse tabu, proporcionando um ambiente de trabalho mais sustentável para todos.

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